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10 de abr. de 2025
O tarifaço de Trump ameaça desestabilizar a Creator Economy global. Marcas como Shein, Temu e Shopee podem cortar investimentos em creators — e os efeitos podem chegar direto no seu caixa.

João Felipe Carneiro
Imagine construir uma carreira inteira em cima de parcerias com marcas globais — só para descobrir, do dia para a noite, que esse motor pode parar. Não por causa do algoritmo, da concorrência ou da criatividade… mas por uma decisão de política externa.
Foi isso que o “Tarifaço de Trump” colocou na mesa. Ou melhor, as coisas estão tão loucas e dinâmicas que pode ser que os números tenham mudado de um dia para o outro — mas o racional ainda segue o mesmo.
Ao encerrar a isenção de taxas para importações abaixo de US$ 800, os Estados Unidos impõem tarifas de até 90% sobre produtos vindos da China — atingindo diretamente empresas como Shein, Temu e Shopee, que baseiam seu modelo de negócios em preços baixos e marketing massivo via creators.
Essas empresas são muito mais que e-commerces. Elas são pilares da creator economy global. Juntas, movimentam bilhões em publicidade, sustentam programas com milhares de influenciadores e transformaram creators em canais principais de aquisição.
Agora, tudo isso está sob ameaça.
Neste artigo, vamos entender:
O que está por trás do tarifaço
Como ele impacta diretamente os criadores (sobretudo os menores)
O que pode mudar no jogo entre marcas, audiência e capital criativo
E por que autonomia financeira virou prioridade para quem vive da influência
Prepare-se: o assunto é geopolítico, sim — mas o efeito é direto na timeline de quem cria conteúdo.
O que é o Tarifaço de Trump (e por que ele voltou agora)
O chamado “Tarifaço de Trump” não é novo — mas voltou com força total. A medida coloca fim à isenção de impostos para importações abaixo de US$ 800, um benefício que vinha sustentando o modelo de negócios de marcas como Shein, Temu e Shopee nos Estados Unidos.
Agora, essas empresas enfrentam tarifas de até 90% do valor ou US$ 75 por item, com previsão de aumento para US$ 150 em junho de 2025. Em outras palavras: o que custava US$ 10 pode passar a custar mais de US$ 90 para o consumidor americano.
O que motiva essa política?
O objetivo declarado da administração Trump é reduzir a dependência dos EUA da manufatura chinesa, proteger a indústria local e reequilibrar acordos comerciais. É uma estratégia de confrontação econômica que afeta diretamente os canais de importação direta — justamente o modelo usado por plataformas asiáticas.
Mas além da política comercial, há um pano de fundo político e simbólico: com as eleições se aproximando, Trump busca reforçar sua imagem de “protetor da economia americana”, reacendendo pautas de nacionalismo econômico.
Por que isso importa para a creator economy?
Porque essas plataformas são movidas por creators. Se o custo de operar no maior mercado consumidor do mundo sobe, o primeiro corte é no orçamento de marketing e influência — e isso significa menos campanhas, menos parcerias e menos receita para quem vive da criação.
Plataformas que viraram motores da creator economy
Shein, Temu e Shopee não são apenas marketplaces — são potências de marketing digital com base em influência. A lógica dessas empresas é simples e brutalmente eficiente: baixo custo + alto alcance = domínio de mercado. E para alcançar isso, elas dependem diretamente de criadores de conteúdo.
📌 Shein: mais de 13 mil creators em ação
A Shein construiu uma das maiores redes de influenciadores do planeta. São mais de 13.000 criadores, entre nano, micro e grandes nomes, atuando em campanhas constantes, desfiles, provas de produto e desafios de conteúdo. É influência como sistema.
Além disso, a marca investe em programas como o Campus Ambassador, recrutando estudantes para serem pontos de contato local com a marca — criando uma espécie de capilaridade emocional.
🚀 Temu: do zero ao Super Bowl em tempo recorde
A Temu virou o app mais baixado dos EUA em apenas 1 ano. Isso não aconteceu por acaso: a empresa investiu US$ 2 bilhões só em anúncios na Meta em 2024, figurando também entre os 5 maiores anunciantes do Google.
E foi além: colocou 4 comerciais no intervalo do Super Bowl, a US$ 7 milhões por inserção. Um movimento agressivo para conquistar awareness e gerar downloads em massa — sempre sustentado por ativações com influenciadores e campanhas digitais.
🌍 Shopee: entre celebridades e programas de base
A Shopee apostou em grandes nomes — Terry Crews, Jackie Chan, Viih Tube, Franciny Elhke — mas também montou um programa estruturado de base. O Creator da Shô, em parceria com a agência The Coachers, oferece até R$ 1 mil em saldo promocional para microinfluenciadores criarem conteúdo, com plano de crescimento rumo ao status de Embaixador Shopee.
A meta? Chegar a 7 mil criadores ainda este ano, reforçando presença em diversos territórios e nichos.
O que pode mudar com o Tarifaço
O aumento das tarifas nos Estados Unidos muda completamente a equação de custo para Shein, Temu e Shopee. E em um modelo baseado em volume, margem apertada e publicidade agressiva, qualquer centavo extra importa — ainda mais quando se transforma em US$ 75 por peça.
O impacto direto nas estratégias
Para marcas que dependem de preço baixo como diferencial competitivo, as alternativas são poucas:
Aumentar preços (perdendo atratividade no mercado americano)
Reduzir a margem (o que impacta a lucratividade e a sustentabilidade do negócio)
Cortar gastos operacionais — e aqui entra o marketing.
Influência é custo variável. E por isso, é um dos primeiros pontos a sofrer corte.
Criadores: da vitrine ao vácuo
Os creators — especialmente micro e médios influenciadores, que formam a base desse ecossistema — devem sentir os efeitos com mais intensidade:
Campanhas suspensas
Quedas abruptas no volume de jobs
Fim de programas de parceria e incentivo
Atrasos ou renegociações de pagamento
É o tipo de situação que escancara a fragilidade de uma creator economy que cresceu rápido, mas com pouca previsibilidade financeira.
E os criadores brasileiros nessa história?
É um efeito dominó que muitos subestimam.
As campanhas com creators não são locais — são globais por natureza. As mesmas marcas que investem pesado nos EUA operam com orçamentos centralizados, definindo alocação por território com base em ROI, custo e desempenho.
Se o custo para operar nos EUA dispara, essas empresas precisam reequilibrar o caixa. E isso geralmente começa com cortes em:
Marketing internacional
Programas de base (como os que rolam no Brasil)
Apoio a criadores de menor porte
Ou seja: quando a torneira fecha no norte, o sul sente sede.
Isso não é só teoria. Já vimos acontecer em 2020 com plataformas de ads, em 2022 com layoffs em tech e agora em 2025 com o tarifaço. A interdependência é real — e a vulnerabilidade também.
Dependência invisível
Muitos criadores brasileiros constroem sua renda mensal com base em:
Parcerias com plataformas como Shein, Shopee e Temu
Campanhas pagas por produtos importados
Programas de afiliados vinculados a vendas internacionais
Quando essas marcas reduzem investimento nos EUA, o reflexo não demora a chegar aqui. O marketing é global, mas os cortes são cascata. O que para de circular lá, seca aqui também.
O criador como elo mais frágil
Quem mais sofre são os criadores que:
Estão começando e dependem de incentivos como saldos, comissões e brindes
Trabalham com uma única plataforma ou marca
Não possuem capital de giro ou reservas para atravessar períodos de baixa
Isso vale também para agências e coletivos criativos que estruturam campanhas para essas plataformas — e que podem ver seu faturamento despencar de um mês pro outro.
Oportunidade disfarçada?
Crises como essa também expõem quem está preparado e quem está vulnerável. Criadores que conseguem diversificar fontes de receita, negociar com autonomia e investir em estrutura própria saem na frente.
Mais do que nunca, fluxo de caixa é questão de sobrevivência criativa.
Autonomia financeira é o novo collab dos criadores
Se o tarifaço revelou algo, foi isso: quem vive de influência precisa de muito mais do que engajamento. Precisa de estrutura financeira real. Porque quando o dinheiro para de circular nas plataformas, só sobrevive quem tem autonomia para continuar criando.
Por que fluxo de caixa é poder criativo?
Permite manter a produção mesmo sem campanhas ativas
Garante previsibilidade para planejar, investir e crescer
Dá margem de negociação com marcas — sem precisar aceitar qualquer job
Criadores e agências que antecipam seus recebíveis, mantêm reserva estratégica e operam com capital disponível têm mais chances de atravessar períodos turbulentos sem parar ou se endividar.
Antecipar não é se endividar
Uma das grandes viradas da economia criativa recente é entender que acesso a capital não é só para empresa grande. Com soluções como a da DUX, creators, coletivos e agências conseguem antecipar valores futuros para manter o ritmo hoje.
Isso transforma completamente o jogo:
Você sai do “modo urgência” e entra no “modo expansão”
Dá para investir em equipe, estrutura, mídia — e não só reagir a briefings
Você vira protagonista do seu próprio crescimento
Quando o algoritmo trava, o caixa sustenta
O tarifaço de Trump é um alerta — mas não só sobre geopolítica. É sobre como estamos construindo a economia criativa global: hiperconectada, ultra-dependente e muitas vezes vulnerável a decisões que vêm de muito longe da timeline.
Shein, Temu e Shopee se tornaram motores dessa nova economia porque entenderam o poder dos creators. Mas também mostram como esse ecossistema pode ser frágil quando se apoia apenas em incentivos externos e não em estrutura interna.
Criadores, agências e coletivos que dominam seu fluxo, têm acesso a capital e operam com autonomia vão não só sobreviver — vão escalar. Porque enquanto uns cortam campanha, outros vão estar com o tripé em pé: criatividade, capital e controle.
Quer crescer mesmo quando o mercado trava? A DUX antecipa seus recebíveis e fortalece seu caixa para você continuar criando. Conheça agora.
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